sinto dizer que a pandemia ainda não acabou. são centenas de mortes diárias apresentadas de maneira contestável num país de terceiro mundo governado por um canalha negacionista
pelo menos a vacina chegou pra maior parte da população, diminuindo um tanto o estrago sem proporções
aos poucos deixamos as máscaras pra trás e nos reaproximamos uns dos outros
pra mim, que nunca fui muito de beijos e abraços, pouca coisa mudou no meu cotidiano particular
me tornei aquele cara que conversa com a pilha de legumes no supermercado e cada vez mais com o dog que por sua vez tem me estranhado um tanto
talvez porque testemunhamos juntos a agonia e morte das plantas da varanda, uma a uma
não é você que desiste da vida, é a vida que desiste de você
a possibilidade de eu jamais estar pronto pra esse estranho mundo novo que se aproxima é cada vez mais real
cheguei a considerar a possibilidade de cair fora, mas esse tipo de atitude não faz o meu estilo, tenho consciência de minha insignificância
sou de um tempo no qual o que se tinha a dizer valia mais que qualquer lacração
mas hoje, olha só, tenho pouco a dizer
resta o valioso silêncio
e escrever é uma maneira de compartilhar o silêncio com palavras que soam melhor no papel. me apego a esse processo, inclusive logo mais vem livro novo por aí.
e tu? o que faz valer a pena pra tu continuar por essas bandas?