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acho que foi nos idos de 1993 que vi esse grande espetáculo na casa de shows lá da vizinhança onde passei alguns dos momentos mais marcantes da minha vida

embora tivesse acesso livre à casa – meu pai vendia frango pra lá, além de ser amigo pessoal do dono – fazia questão de pagar pelo meu ingresso e me divertir no anonimato

mas algumas noites pegam mais que as outras e nessa em especial me desloquei ao na época imponente maksoud plaza por ter na cuca uma questão ao artista que achava deveras relevante

ele chegou enquanto me dirigia ao péssimo bar do lobby, o que fez com que nos trombássemos antes da entrada do saudoso elevador panorâmico

a petulância de garoto lapeano que vos escreve agora fez com que me apresentasse a ele com a maior cara de pau e perguntasse o que queria saber pra matar a curiosidade

é que eu não tinha nada pra dizer!

essa foi a resposta para a pergunta que questionava o grande hiato entre o penúltimo álbum e o trabalho atual

mais justificável, impossível. e quanta elegância ainda tem esse senhor inglês

desde então tento lidar melhor com a questão do silêncio, abrindo a boca apenas quando necessário

acontece que meu coração tropical (apud aldir blanc) faz com que falhe miseravelmente nessa tarefa dia após dia

de maneira que me questiono se não chegou a hora de me calar ao menos um pouco nessa mídia para o fim de ouvir a voz da gomorra que berra lá fora para depois quem sabe voltar e compartilhar impressões pós apocalípticas

o que acha?

pula ou não pula?

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