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um por cento

muito se fala que apenas 1% de seu público de fato vale a pena. mas como se faz pra atingir tal meta? e é 1% em cima de quem mesmo?

produzo conteúdo desde 2007, ou seja, desde antes de existir essa expressão 

no começo era apenas um blog que, embora não tivesse maiores pretensões, atingiu certo reconhecimento no cenário gastrocômico brasileiro. e depois o trabalho se multiplicou em vários tipos de mídia, inclusive em cinco livros impressos, devo lançar o sexto muito em breve

após fracassar no youtube por puro amadorismo, fiz como muitos outros e concentrei todas as minhas forças no instagram. é lá que, além do meu conteúdo, ofereço tudo quanto é tipo de serviço

trabalhar com isso me obrigou a prestar atenção em alguns números e me chamava um tanto a atenção meu material chegar apenas a cerca de 10 a 15% dos meus seguidores. é como se a firma escolhesse que tipo de material a freguesia pode seguir, numa atitude arbitrária e absolutamente lamentável.

mas nada é tão ruim que não se possa piorar ainda mais

os números que já eram péssimos foram piorando cada vez mais até chegar em posição absolutamente ridícula

tentei seguir orientações do big boss. falei menos sobre política, nivelei por baixo alguns conteúdos e comprei anúncios. de nada adiantou

cheguei até a considerar me tornar tik toker, mas é muito tarde para aprender a dançar

resultado: obviamente as vendas dos meus troços caiu adoidado e tem me levado àquela que pode vir a ser minha última falência

claro que há exceções que confirmam a regra e tenho feito trabalhos legais. quem me acompanha quer muito estar aqui, não dá a menor bola pra firma

como anda o engajamento do instagram? abaixo de 2% e rumo a, olha só, 1%

acontece que é 1% de uma conta que parou de crescer há mais 3 anos, graças a tal política de engajamento do patrão

nessa semana uma juíza negou uma liminar onde eu pedia não ressarcimento por perdas e danos, mas sim apenas a volta das visualizações, pra quem quer se divertir – que sempre será o elo mais frágil da rede – escolher se quer receber meu material ou não

aparentemente a juíza fez um tipo de conta completamente desconhecido por mim. talvez ela esteja certa, claro. cabe a mim respeitar a justiça, mas também queria entender a canetada

porque uma coisa é negar o direito, outra é dizer que o fato não existiu, como assim ocorreu

me basta recorrer da decisão e, se preciso, ir ao tribunal. enquanto isso o prejuízo tanto moral quanto financeiro só aumenta

as coisas estão tão difíceis que admito a possibilidade da desistência total, do suicídio digital, de ficar só com meus livros

mas acontece que por aqui a água bate na bunda, já que tenho no mínimo um amoroso doguinho pra sustentar e um aluguel pra pagar, de maneira que ainda não estou disposto a largar o osso

uma dica pra semana? que você não foque sua energia nas mídias sociais, pois o caminho de volta – no qual estou agora – é árduo e incerto

e fica aqui meu agradecimento público a ti e ao imenso 1% que me acompanha. graças a vocês algumas coisas ainda dão certo

somos minoria mas fazemos um barulho danado

beijo e até a semana,

j.

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