enquanto novos e velhos chefs gastam fortunas na construção de constrangedores conceitos em torno de uma suspeita sustentabilidade o vendedor de frutas geladas na rua sobrevive distribuindo cheiros e sabores com dignidade alheio a famigerada cena gastrocômica
o que é comida de rua pra ti?
pra mim, que venho de uma família de feirantes, a rua é pra quem é da rua e os serviços de comida são informais e gostosos. milhares de barracas de pastel que ainda estão espalhadas por aí confirmam a verdade
menção honrosa ao tiozinho do milho verde com margarina. como é gostoso aquilo. pqp. e pouco me importo com a palestrinha lair ribeiro de que margarina tem tanto valor nutricional quanto o plástico etc
o problema não é se o produto é bom ou ruim mas sim na intenção da palavra de muita gente. para mais dicas siga o caminho do dinheiro
o que não falta também é quem repita o que ouviu sabe-se lá de quem sem checar nada, distribuindo assim fake news involuntária em nome do ecologicamente correto, seja lá o que signifique isso
existe um abismo social entre a classe trabalhadora e a sala de aula virtual do vegano médio frequentador da feirinha orgânica coxipster mais próxima
assim como não falta cozinheiro mais preocupado com conceito do que com o fogão para alimentar o ego dos elitistas de plantão
cabe a nós nos levantar nesse terrível momento de crise que nos cerca para tentar virar esse jogo
cozinhar em casa durante a pandemia tornou-se uma necessidade que fez com que o fome do comensal seja mais de comida que de conceito
é natural que cresça a curiosidade em torno da origem do alimento disposto na bandejinha da gôndola do supermercado
e uma vez acesa essa chama aos poucos vamos nos reconectando com a tão valiosa comida feita
que o novo mundo traga mais tiozinhos da fruta e menos discursos de gente muito rica que finge se preocupar com pobre
porque milionário algum liga pra nós