tudo está cada vez mais difícil e as perspectivas são as piores possíveis aqui no lugar que deixou de ser o eterno país do futuro para se tornar o pior lugar do mundo para viver sob essa maldita pandemia que nos abate.
o amigo e artista maior fausto fawcett dizia em alguns de seus espetáculos que o brasil é o abismo que nunca chega. não sei se ele concorda comigo, mas acho que o país finalmente olhou pro buraco que o engoliu e hoje estamos numa descida desenfreada rumo ao desconhecido, já que o poço parece mesmo não ter fim.
mas e nós? onde devemos nos agarrar durante a queda? e se dermos a mão pra quem está embaixo da gente? o elevaremos ou seremos ainda mais puxados para o fundo?
olha, bem sei que não sou assim a pessoa mais indicada pra te aconselhar, mas posso compartilhar contigo o que fiz. se não lhe for útil, espero ao menos não ter te atrapalhado em nada e que nossa vida siga aos trancos e barrancos sabe-se lá pra onde.
ainda nos anos 70 do século passado que terminou o último milênio o fabuloso zé rodrix – era assim que ele era chamado no seu meio íntimo – dizia que estava muito bem obrigado entre meus discos meus livros e nada mais nos belos versos de uma canção imortalizada por aquela célebre cantora gaúcha conhecida também pela generosidade de ampliar a voz de compositores extraordinários tais como aldir blanc e belchior entre outros, pra não ficar só no zé.
mas o meu ponto é que o autor em questão já falava em bolhas, muito antes de ser modinha. e de fato elas sempre existiram. a minha, por exemplo, se limita a plantas, discos, cachorros, pequenos comércios que procuro ajudar como posso e as singelas pílulas de paz em forma de drinques caseiros da casa, que preparo pra mim e também procuro divulgar o modo de fazer nos mais diversos tipos de mídia.
meu balcão, teu alívio.
em nenhum momento o cheiro do fracasso de todas manhãs me deixa sozinho. mas se não é possível vencer o inimigo, que ao menos se aprenda a conviver com ele.
que nossa derrota seja digna.
o atual cenário levanta a possibilidade que talvez esse outono talvez seja a estação mais importante das nossas vidas.
então cuide bem da sua bolha e tente se comunicar com as outras bolhas psicodélicas que insistem em cair ao seu redor. porque cuidar do seu mundo e tentar de alguma maneira elevar a existência próxima – mesmo que com um breve esboço de sorriso. afinal, quando foi a última vez que você deu uma boa risada? – pode ser fator importante para a sobrevivência ou até fazer com que a morte seja mais suave.
mas acontece que eu não quero morrer tão cedo e espero que você também não.
então, já que hoje não é possível viver do jeito que a gente quer, que tal fecharmos aqui um pacto de sobrevivência?
se precisar daquelas pílulas sigo por perto, à sua disposição.
e, sobre aquele inevitável odor, toda vez que o sinto, penso num troço que gosto pra caralho, cheiro de café. e aí o dia muda. pra melhor, claro.
porque eles podem até nos vencer, mas jamais conseguirão controlar nossos sentidos e sensações.
beijo e boa semana,
Assisto seus vídeos faz tempo, porém não passava dor cortes que foram publicados na UOL. Agora, conheço um pouco mais sobre vc, por conta dos vídeos que posta em seu canal e das coisas que escreve. Bem, só gostaria de agradecer pelo conteúdo, por ser uma companhia engraçada e amigável em dias mais tensos, pois as vezes eles são mais frequentes do que gostaria.