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sadness

a pandemia não trouxe nada de bom.

vivemos num país onde o número de testagens é absolutamente ridículo, de maneira que o indicativo é de que o número absoluto dos casos seja ainda mais catastrófico, um troço sem precedentes.

você quer ir ao hospital por qualquer coisa? eu, não. mas o problema maior está além de nós, insignificantes, porém criaturas.

quantas pessoas com depressão não estão se tratando? e quem demora demais pra se tratar de um câncer que chegou há certo tempo?

por odiar hospitais, minha mãe só foi pro hospital quando a dor se tornou insuportável. o resultado foi um diagnóstico tardio, internação e saída pela porta de trás do logradouro, após três meses de tratamento com quimioterapia e muito sofrimento.

o andar do câncer tem tom azul clarinho, para assim tentar inutilmente trazer alguma sensação de paz e os médicos falam com todos pausadamente, como se tivessem alguma autoridade religiosa.

e ainda há outras pessoas envolvidas, tais como padres e psiquiatras. essa última usou vozinha infantil pra falar com minha mãe, que respondeu de maneira furiosa que estava com câncer, que ia morrer mas ela também, pois me mandaria em sua casa pra metralhar toda sua família. apenas olhei seriamente para a profissional da saúde, já que mãe não se contraria.

de qualquer maneira o ideal pra mim é que o tratamento ocorresse anos antes, quando os primeiros sintomas vieram. pra ela, não. há várias maneiras de se suicidar e desde que o mundo é mundo nada mata mais que a tristeza.

acontece que nunca fomos tão tristes. e nada que vem de cima ajuda. o mundo tem dinheiro e poder suficiente para que todos se vacinem em curto espaço de tempo, porém infelizmente não parece ser essa a vontade de quem tá com a bola no pé. por mais que tenhamos caprichado nas últimas eleições, governante canalha não é exclusividade brasileira.

pagaremos pelas sequelas deixadas pela pandemia – que está longe de acabar – nas próximas décadas, não será fácil pra ninguém.

o que fazer, por ora? insisto que cuidar de quem gostamos é bom começo, depois pensamos em mudar o mundo.

já pensou na possibilidade de alguém muito próximo de ti estar triste? nem sempre as pessoas falam e falta de comunicação é o maior mal do mundo.

sabe aquele tempo que você ia gastar mandando um áudio que admitamos que ninguém quer saber? o gaste ouvindo quem você gosta.

beijo e até a semana,

j.

6 Comments

  1. Exatamente, por isso sempre respondo a todos com atenção e carinho. A gente nunca sabe da luta do outro e se pudermos ajudar o mundo fica melhor.

  2. Sou professora e me mantenho no ensino remoto, porque aderi a uma greve sanitária: ficamos no remoto, com o compromisso de dar aulas de qualidade. Sou do Estado, mas de uma autarquia de fora da Secretaria da Educação, somos ensino técnico. Sabe, termino minhas aulas sempre com estas palavras pra meus alunos: “cuidem-se. E cuidem dos seus. Olhe e ouça mais e melhor quem está do seu lado. Aproveite para conhecê-los melhor e deixe-se conhecer um pouco mais. Ame mais e melhor.
    A pandemia vai passar.

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