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rockyanas

nessa semana estreou nas telas dos cinemas da cidade onde moro o novo longa do meu diretor preferido

a primeira dificuldade foi achar um bom cinema de rua, já que hoje parece que sobraram só 10, após termos cerca de 200 salas na ativa até antes de ontem

eu sempre quis ter um cinema e um dos meus sonhos de consumo é administrar aquele salãozão abandonado do edifício copan que, embora já tenha sido um cinema classudo, suas últimas atividades foram realizadas por uma igreja evangélica. dizem que o espaço físico pertence ao kaka, não sei se procede

se um dia estiver sob minha gestão, prometo programação só com filmes lindos. teremos o bill murray festival, a semana paul thomas anderson e por aí vai. alto nível pra dialogar com a simpática locadora do mesmo andar. e um bar do nível do projeto, claro.

olha só, ontem mesmo vi na netflix o novo james bond. ainda bem que não perdi tempo e dinheiro indo no cinema ver aquele brucutu que tá mais pra cigano igor que pra roger moore

a ideia não é a de reconstruir uma cidade, mas sim a de apresentar alternativas a quem busca um mundo além do streaming e do smartphone

você tem o contato do kaka? se sim, tem a moral de fazer essa ponte ou com quem precise falar pra viabilizar a parada? posso te pagar em frango frito do bom. amém?

até porque outro boleiro são-paulino saiu na frente e marcou há alguns anos o golaço que os mais chegados chamam de cine raí, com ótima programação e um bar muito legal na entrada que serve meu hot dog preferido na cidade, além de um portonic correto e chocolate do bom

lá foi o palco escolhido para assistir o magnífico licorice pizza, daquele diretor que nunca erra, cujo nome foi citado no quarto parágrafo dessa prosa

pena que o colega de sessão acomodado na poltrona ao meu lado não deve compartilhar do mesmo gosto, já que dedicou a maior parte do tempo a se entreter com seu maldito aparelho telefônico móvel cujo reflexo da luz me irritou um bocado

a pandemia não mudou ninguém, pelo contrário, aflorou defeitos e qualidades das pessoas. embora quem já era legal esteja ainda mais daora o que mais tem é morfético lazarento que perdeu completamente o pudor de uma suposta etiqueta de comportamento social

por essas e outras que sair de casa tornou-se quase que um exercício budista pra mim

mas me viro, claro. não ficarei preso em casa, não

não deixemos que nos vençam. ou que pelo menos caiamos bailando

afinal, como um dia disse rocky balboa, não importa o tanto que consiga bater mas sim o quanto você aguenta apanhar

beijo e até a semana

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