era o nome de um bar infeliz em pinheiros cujas especialidades eram a péssima pizza frita e as tentativas frustradas de roubar na conta.
frustradas pelo menos na minha mesa, porque embora jovens tendam a ter um tanto mais de tolerância pra comida bosta – claramente o caso da nossa turma – a verba disponível era escassa e nenhum chopp a mais na conta era admitido.
mas o breguíssimo nome que batizava o comércio em questão me encantava, além de curtir bem o vento noturno direto da descida da avenida henrique shaumann até o meu rosto encostado na varanda. sempre transei uma brisa e o que menos importava era a qualidade dos produtos servidos no estabelecimento.
desde então muito tempo se passou, até o milênio virou e outros vícios, outras vibrações me jogaram em outros movimentos.
a exigência pra tudo que boto pra dentro do corpo aumentou de maneira monumental, mas o prazer também. faço tudo que está ao meu alcance pra que tal atividade seja prazerosa, jamais chata. inclusive, pra surpresa de muitos, nem bebo todo dia. tem sempre leite na geladeira. e sim, eu sei que não tem leite decente ao meu reles alcance urbano, mas a bebida em questão me remete a bons momentos, e a única coisa que não se combate em gastronomia é a lembrança afetiva.
claro que experiências sensoriais são pessoais e intransferíveis, assim como a angústia e as pílulas de felicidade que a vida pode vir a nos oferecer.
porém logo colocarei no ar na rede social mais próxima de ti um aulão gratuito de harmonização entre comidas e bebidas pra você usar como quiser. pode até discordar de tudo que tá lá, mas mais importante que ensinar algo é despertar instrumentos de raciocínio para que você chegue às suas próprias conclusões.
e o curso de drinques caseiros da casa logo volta ao ar, novidades em muito breve, informo por aqui.
porque a brisa segue batendo no meu rosto, agora direto do elevado e procuro tirar o máximo proveito disso, é o que tenho pra hoje e provavelmente pra amanhã.
independente de onde o vento bater, desejo que o nosso trago de cada noite traga além das notas de sabor, um pouco da sensação de paz de espírito.
que a insustentável leveza do ar anestesie pelo menos um pouco a luta cotidiana contra esses dias tão pesados.
Seu lirismo melancólico tem alcançado lindas notas, JB! Parabéns pela crônica! 👏🏻👏🏻
gostei da sua participação no à deriva
J, também me lembro dessa espelunca e de muitas outras a exemplo do Mistinguett que também ficava na Henrique Schaumann e servia aquela “pizza” frita que comia como um bárbaro. Good memories
Muito bom, J. Enquanto lia, me lembrei de uma senhora que tinha uma barraquinha de comida na Rua Sapucaí (escrevo de BH). Ela fazia (não sei se o comercio sobreviveu a pandemia) um pão com linguiça e macarrão na chapa bons para caralho, em meio a podridão que era aquela rua. Saudades.