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o tempo sem razão

nessa semana tive a honra de participar de uma mesa com ninguém menos que a mestre maior mara salles e mediação do sempre generoso danilo nakamura. o evento fez parte da já lendária tarrafa literária em santos e é comandado há quinze anos pelo destemido editor e livreiro zé luiz tahan

armado com um copo de cynar na mão, subi no palco com o jogo ganho, com a cômoda tarefa de levantar as bolas para a chefona, que tem muito mais a falar que eu

há sete anos, em outra edição desse mesmo evento, passei por situação parecida com outra monstra da oratória, nina horta, de quem me tornei mais próximo logo depois e dediquei meu livro de receitas crônicas

é preciso jogar luz em quem importa de fato quando se tem uma oportunidade única dessas e eu adoro participar desse tipo de furdunço

inclusive meus vídeos preferidos do famigerado canal no youtube que comando com alê boechat são de entrevistas e só não seguimos essa linha por dificuldades em manter produção contínua. que zeus nos livre desses podcasts medíocres onde não estudar sobre o entrevistado é a maior característica do programa

mas, voltando pra santos, o que quero dizer hoje é que talvez abatido por certo nervosismo de palco, me atrapalhei numa resposta e tentarei me redimir aqui nesse documento, mesmo que seja impossível voltar no tempo

não me lembro exatamente o contexto da pergunta, porém a respondi afirmando que não me interessa ser feliz, mas sim ter razão e com foco no processo total da bagaça

acontece que não é bem assim

sobre a utópica meta da felicidade, essa foi uma das primeiras desistências. viver não é bom, nem saudável. e sou muito bem resolvido com isso

a derrapagem veio na segunda parte da resposta. porque já desisti de ter razão há algum tempo. demorou quase cinquenta anos pra entender que tudo é uma questão perspectiva. além do que não tenho a menor vontade em estar certo ou debater com essa geração woke repleta de lacreaneys

já sobre o processo eu mantenho. trabalho em algumas frentes, mas o que me move mesmo é o ofício da escrita, esse que levo como uma oração diária

a arte da repetição numa cozinha própria também me encanta e ainda não desisti de abrir uma última porta, mesmo que seja um boteco, tipo de comércio no qual fui criado e me sinto bastante à vontade

no mais é se divertir passando a mão na bunda do guarda. porque nessa vida sem sentido se a gente não inventar nossa própria encantaria estamos completamente fudidos

beijo e até a semana

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