aos 13 anos tinha a mais absoluta certeza de que dominaria o mundo e desde então fiz tudo que estava ao meu alcance pra atingir a pretensiosa meta.
após muitas derrotas e inevitáveis fracassos o saldo atual é de mais dúvidas que certezas e isso não é ruim.
até porque tenho consciência de ter marcado alguns gols nesse eterno 7 a 1 que chamamos de vida.
embora trabalhe com comida desde a adolescência passei a publicar sobre o tema tardiamente, apenas em 2007 e quase cheguei a relevância um pouco maior, antes do smartphone infantilizar o planeta.
a efêmera dinâmica das novas mídias faz com que me sinta um tanto deslocado. e nem estou a reclamar de nada, apenas constatando mais uma vez que meu quarto de século já passou.
é bastante difícil uma novidade restauranteira me animar, ainda mais se o negócio for moldado aos novos tempos, o que pode ser visto como uma necessidade, dependendo do conceito etc.
nessa semana, por exemplo, fui a um bar aberto durante a pandemia, fruto de investimento milionário e com patrocínio de peso.
as músicas executadas nas caixas de som ambiente, além de serem ruins, estavam naquela altura que atrapalham uma conversa, talvez pela acústica de quadra de ping pong do salão.
entre todo rango servido, não tinha nada ruim, mas nada muito bom. e absolutamente tudo foi servido em temperatura inadequada, com direito a alguns quentes beirando o gelado. porém tudo perfeitamente instagramável, porque é o importante sair bonito na foto.
e se tem algo que não falta no lugar é luz, dependendo do canto do salão é possível se sentir numa sorveteria no guarujá.
o público que bombava o lugar trajava roupas caras e pareceu ter algo entre 19 e 40 anos, me deixando assim com o infeliz papel de tiozão da balada. tenho 47, mas um ambiente desses faz com que me sinta com 147.
não cometerei a deselegância de desmembrar a conta cobrada, mas posso falar que pelo mesmo valor investido poderia me divertir mais e ser melhor restaurado em lugares que agradam mais meu coração.
faz parte do ofício do cronista gastronômico observar a reação dos comensais em torno e os retratos mentais batidos por mim na noite da visita revelaram uma gente feliz e saltitante.
de maneira que o único ser destoante na resenha sou eu, que não deveria estar naquele lugar que atende com excelência o seu público.
um dos maiores problemas do ser humano é o de nem sempre não saber bem onde se está.
o ponto é que gosto de escrever sobre bares e restaurantes e aí algumas derrapadas são certas, por maior que seja a experiência.
mas, como já disse, meu quarto de século já passou, praticamente não estou mais aqui.
não seja como eu, %FIRSTNAME%. o teu maior patrimônio é o tempo, otimize isso de forma sábia indo nos lugares que curte com quem você ama.
em tempos de pandemia, ideal é ficar mais em casa. mas, se sair, escolha com sabedoria destino e companhia. lembre-se também que tem um monte de comerciante pequeno se lascando pra conseguir manter suas portas abertas. acho que na real é disso que esse texto trata.
que essa semana seja um pouco menos pesada para nós, na medida do possível.
beijos,
Amo notas de quinta toda segunda.