a intolerância do dono do imóvel onde morava fez com que me mudasse no meio dessa maldita pandemia que tanto nos abate, tomando o maior cuidado possível com todos necessários protocolos.
não é toda hora que rola, mas tem vez que quando batem uma porta na sua cara, outra se abre. acabou que me mudei pra iluminado e bem arejado apartamento no bairro vizinho.
só que as coisas tem um tempo de acontecer, não sou o que podemos chamar assim de uma pessoa prática. os quadros, por exemplo, foram pendurados após uns bons sete meses. enquanto as paredes não sussurraram em meus ouvidos pedindo por eles, seguiram porcamente embrulhados em plástico bolha, inclusive alguns deles não resistiram a sol e chuva, já que desde que me mudei não fechei nenhuma janela. finalmente espalhados pelas paredes, agora corrijo suas posições todo santo dia, quadro torto na parede não dá, de maneira que não recuso a batalha com as correntes de vento que transam entortar sadicamente as molduras sobreviventes.
já as plantas são regadas com disciplina espartana desde o dia da minha chegada. não se deve negar água a nenhum ser vivo.
aos poucos me entroso com a vizinhança e o comércio local. já tenho um hortifruti preferido, adega onde busco cervejas, etc. mas se tem algo que ainda não achei foi uma drogaria amistosa. logo eu, que passei infância tomando injeção uma vez por ano com o farmacêutico do bairro, tenho considerável dificuldade em lidar com as boutiques farmacêuticas contemporâneas.
daí que nessa semana, com a garganta inflamada, entrei numa dessas, pedindo por um xarope. com ares de doutor, o atendente me recomendou pastilhas e antibiótico. aceitei, sem maiores discussões. com o medicamento genérico em mãos, o caixa cantou o valor total de 218 cloroquinas pela improvável compra. abri um sorriso, agradeci, desejei bom dia e voltei pra casa, onde preparei um chá de gengibre com mel e limão. o bom – e previsível – resultado veio em dois dias e agora a garganta tá boa.
enquanto me reorganizo no mundo físico sigo atendendo nesse balcão virtual, onde dou o melhor de mim com o propósito de entrar de alguma forma no seu cotidiano. você gostou do aulão de harmonização? pois saiba que muito em breve abrirei nova turma para o curso de drinques caseiros da casa.
que essas pequenas pílulas de paz lhe tragam algum conforto no meio desse caos todo que estamos passando.
um beijo e que consigamos ter uma semana razoável,
Eu espero que, num futuro pós-pandemia, seus textos sejam compilados nos moldes de O dia em que o rock morreu, do Forasta.
Forte abraço.
acabei de passar na farmacia da vila onde moro,e vi uma bmw estacionada na frente,do dono(ou do filho do dono) do estabelecimento.
pensei: “pqp, farmacia virou fim lucrativo”. fui um dia furar a orelha e o empreendedor tentou me roubar 25,00 pra apertar o negocio q fura,em 2 segundos,e condicionando o servico a compra de um par de brinco vagabundo feminino.achei q algumas coisas fossem imunes a doenca capitalismo.paciente virou cliente;remedio virou metas de vendas a bater. daqui a pouco vao vender a familia.quem da mais?