são viadutos vazios são três horas da manhã
assim diz os versos do fabuloso zé rodrix numa linda canção do grupo paulistano de rock joelho de porco.
não foi a primeira e nem será a última vez que essas referências foram usadas no dicionário da mbb, música boêmia brasileira.
mas, olha, tenho que te falar uma coisa. no momento em que escrevo essas parcas linhas o relógio marca três e poco da manhã e aqui da janela avisto um enorme viaduto onde nada ocorre feijoada.
gosto de trabalhar nesse horário porque é um pouco menos barulhento e mais fresquinho, já que a poluição paulistana não faz nada bem a esse portador de esclerose múltipla que vos escreve.
por alguns anos prestei assessoria etílico gastronômica a uma casa de shows localizada próxima ao marco zero da cidade, na praça da sé. ia de metrô e retornava caminhando durante o começo da madrugada até o pedaço da vila buarque onde residia.
no meio do trajeto percorria o viaduto do chá e vou te dizer que até antes de ontem todos esses versos boêmios que a gente conhece faziam um sentido danado da porra.
mas esse mundo não existe mais.
hoje as ruas de todo centro expandido são ocupadas por moradores de rua que sobrevivem sob condição precária. menos péssimo que há bastante gente boa ajudando de maneira anônima e voluntária, atitude que faz com que não se perca de vez a fé nessa tal de humanidade.
antes de tudo isso, nos idos do milênio passado, tinha saúde e disposição pra emendar fechamento de bares com armação de barracas de feira no meio de ruas suburbanas na cidade de oz. fazia o papel de boêmio e trabalhador ao mesmo tempo. esse meu mundo particular foi o primeiro a deixar de existir, mas segue vivo na memória, por motivos de ter sido a época mais feliz da minha vida.
virada de século, com o óbvio recolhimento que a pandemia nos trouxe vivo mais que nunca em busca do resgate dessas chapas batidas pela cuca.
exemplo. hoje tenho 47 anos e meu pai faleceu com 41. desde sua morte não há uma noite sequer em que não me esforce pra lembrar de sua voz cujo registro digital inexiste. e pra mim é natural que o movimento da curva de certas emoções se acentue um tanto.
todo dia eu tenho que chorar um pouco por excesso de amor e água dentro do coco
zé rodrix, outra vez. meu pai o responderia com o clássico homem não chora. criar diálogos imaginários com quem não está mais entre nós também é atividade recorrente no meu cotidiano.
conversar com os espíritos pode ajudar a elevar o seu próprio espírito. sempre lembrando que se de alguma forma você achar que algum deles te respondeu TALVEZ seja o caso de procurar ajuda clínica.
isso se for pro teu bem, claro. se preferir viajar na viagem, ninguém não tem nada a ver com isso.
mas, aproveitando que estamos sob a calada da noite da civilização, me responde uma coisa, se puder.
o que te faz chorar? o que te bota comovido como o diabo?
meu companheiro canino acabou de acordar e colou seu corpo nos meus pés. de nada adiantou manter as luzes apagadas, seu salto da cama foi inevitável, cachorro sente tudo. então agora te peço licença pra me juntar a ele e arrastar correntes pelo apartamento, outra diversão manêra, piada interna entre homem e cão.
talvez até acenda a luz e prepare um sazerac. tenho quase certeza de que ainda tenho um resto de garrafa de conhaque do bom por aqui. basta a disposição de procurá-la pelos cantos. quando a casa não tem bar – na residência anterior cuidava de um bar dentro do meu próprio quarto – tudo é bar.
talvez prefira aproveitar os últimos momentos de ausência de luz pra dormir mais uma horinha. ontem não foi muito fácil, mas espero que hoje seja um pouco melhor. pra mim, um dia em que se começa escrevendo é um dia que começou bem.
promete tentar ficar bem também?
Prometo! que baita texto…
abraço, JB.
pensar que o tempo que tenho com meus pais tá passando, não chego a chorar mas comovido sim. a sensação é de que poderia estar melhor, e é vdd, sempre pode.
um abraço, jota e leitores! boa semana
Noites dominicais sempre depressivas e curtas, excelente visão da cidade paulistana ss preparando para mais uma semana de sobrevivência nesse sistema horrível o qual vivemos
jota, gracias pelo texto corajoso que nos ajuda a vislumbrar um pouco algo da placa desse caminhão de tragédias que nos atropela. textos assim não são pouca coisa
Cacete, J…que texto.
Estamos tentando meu querido ! Tem dias que são bons , tem outros que são um rolê no Paris 6 mas tamo tentando !
Excelente, J. Vamos para mais uma semana. Ficaremos bem…
Obrigado por esse texto, Jota!
que texto magnífico, obrigado por isso, J.
Olá a todos!
Eu sou Nastya, tenho 27 anos, vivo na França e quero contar uma história interessante do mundo da magia e do misticismo.
Eu estava cético sobre magia, encantos, e outros eventos que podem ser vistos em sites temáticos, mas uma vez na vida aconteceu uma situação irreparável, e um amigo aconselhou a recorrer a magos profissionais.
Eu olhei para as informações primeiro, a propósito, encontrei um bom site https://www.privorotna.ru
.não há serviços pagos, apenas tudo sobre o caso e sem publicidade!
Então eu encontrei uma bruxa real da Suécia e paguei o rito, e tudo funcionou, não sei como, mas o que precisava ser consertado na minha vida começou a se tornar realidade!
Eu aconselho você a experimentar essas técnicas, magia e sentenças realmente funcionam!
Boa sorte!
very good