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deja vu

o tempo de plantar, o momento da colheita e a inevitável hora de se recolher

foi com esse tapa na fuça que um amigo octogenário me recebeu em ilha grande, numa praia de pescadores onde pouco importa o cafonérrimo sistema turístico proposto ao redor da paz

mas tive tempo pra refletir enquanto meu cão literalmente tocava o terror na área, com direito a algumas invasões pela simpática vizinhança 

num lapso de momento em que relia livros essenciais cujo conteúdo mal me lembrava me dei conta que aparentemente pulei essa fase de colheita

já de volta em são paulo revi dois filmes bárbaros nos quais também não me lembrava da maior parte das cenas

quem não tem dinheiro pra médico bom pesquisa na internet e num desses garimpos descobri que cerca de 50% dos portadores de esclerose múltipla tem sério problemas de memória. não sei se a informação procede, mas fato é que alguns dados batem legal

desde o fechamento do meu diagnóstico venho tentando tirar proveito das limitações de saúde que o destino me traz

exemplo. a atual condição implora pra eu ter muito cuidado com café e bebida alcoólica

de maneira que dificilmente você me verá empunhando um brahma chopp ou bebendo café pilão

porque se for pra me foder que seja com coisa boa

beber menos para beber mais <= assim diz uma boa e velha amiga, para quem inclusive dedico meu livro de iniciação a coquetelaria

tenho criado alguns dispositivos de ações repetidas para me ajudar no remoto processo da vida

o evento frangolante da semana passada foi ótimo e mandar essa newsletter pra ti com regularidade também é uma maneira de manter alguma forma de disciplina

ainda não cheguei na fase de espalhar bilhetinhos pela casa, embora não tenha largado o hábito manuscrito

falando em escrever, após 6 meses com um feto de livro parado acho que cheguei numa formula pra prosseguir cujo funcionamento é provável, pelo menos na minha cabeça

a data marcada para o retorno desse trabalho é agora – enquanto você lê essa carta virtual – e espero que a missão seja rápida e bem sucedida. sinceramente não sei se terei fôlego mental para o sétimo livro, mas o sexto é quase certo e espero que você goste

conforme caminhar a evolução, vou te falando. se assim me lembrar, claro

catzo

beijo e até a semana!

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