foram 5 dias trabalhando para atender centenas de pessoas em 5 noites num menu inédito numa casa que, embora tenha me recebido com hospitalidade impecável, não é minha
e deve-se pisar devagar na casa dos outros. porque além da obrigatória boa educação você precisará de ajuda, já que não se sabe direito onde tá a tomada, a tábua da faca, etc
ainda bem que contei com generosa e competente equipe. sem esse time o serviço não seria o mesmo
digo isso porque estou sem cozinha própria há mais de 10 anos e nesse tempo engordei demais, perdi boa forma e senso de timing. manja maradona no sevilla? meio que aquilo, só que sem o talento do saudoso jogador
no fim, entre alguns desencontros e poucos acidentes, o saldo final até que foi bem satisfatório
eu já passei da idade da utópica busca pela felicidade, mas posso dizer que ver olhos alheios contemplando algo que ajudei a fazer me deixa bem contente
e foi isso que ocorreu na semana passada, para minha surpresa
porque sinceramente achei que não teria tanta gente interessada em provar ostras com sorbet de melancia, tartare de carne com 2 tipos de ovas marítimas e coquetel de camarão
botei esse último item porque adoro uma comida cafona bem executada. cheguei a pensar que ninguém pediria – até pelo preço quase proibitivo, já que além do custo da operação do bar o bom camarão tá caro pra chuchu – mas foi um dos itens mais vendidos
ontem meu corpo inteiro doía e dormi o dia inteiro. faria tudo de novo, fazia tempo que não passava tão boa tarde de domingo
aliás, faria melhor. digo isso por ter obsessão pela repetição nesse tipo de operação. quanto mais se faz a mesma coisa, a probabilidade evolução só aumenta
daí a urgência em abrir logo algo. hoje não vejo melhor maneira de passar meus últimos anos úteis e quase saudáveis
e você? tem o privilégio de fazer o que gosta?
Escrita leve, galope harmônico nuito bom